terça-feira, 18 de março de 2008

A Arca de Nóe pelo Poetinha


Em 1980, a Rede Globo introduziu espetáculos musicais infantis em sua programação, apresentando na faixa de programas Sexta Super, o especial Vinicius Para Criança, que acabou conhecido pelo nome do disco infantil que o inspirou: A Arca de Noé. No especial, permaneceram os mesmos arranjos e intérpretes do Lp lançado pela gravadora Ariola naquele mesmo mês.

Primeiro foi o livro de Vinícius de Moraes com trinta e dois poemas, quase todos falando de bichos, publicado em 1970. Apareceram algumas canções que o próprio poeta ia musicando, como "A Casa" ou "O Pato" que já se cantava antes do especial na televisão. Segundo encontro no acervo do "Instituto Cultural Itaú - Uma Discografia Brasileira", ambas as canções fizeram parte de um disco lançado em 1972: "Vinícius canta Nossa Filha Gabriela”.

Até que veio o especial A Arca de Noé no dia 10 de outubro de 1980 no horário nobre na Tv Globo em comemoração ao dia das crianças. A primeira Arca foi recebida com entusiasmo pela crítica, destacando-se como uma produção que soube respeitar seu ouvinte e telespectador independente da idade. O programa ganhou os prêmios Emmy e Silver Award, em 1981, nos Estados Unidos e Ondas, em 1982, na Espanha.

Não foi preparado nenhum script, apenas um roteiro básico de orientação das gravações, criado por Ronaldo Bôscoli, para que os convidados ficassem mais à vontade. Os amplos cenários de Frederico Padilla, montados no Teatro Fênix no Rio de Janeiro, permitiam uma grande movimentação e tinham como destaque a utilização de vários efeitos especiais, como o chromakey. Assim, transpunha-se para o vídeo as fantasias imaginadas pelo poeta. Para o papel da menina que conduz o espetáculo foi escolhida a estreante Aretha, filha da cantora Vanusa e do cantor Antônio Marcos.

Vinícius de Moraes dá preferência aos pequenos e estranhos animais, como a pulga que sempre está pulando na perna do "freguês", as abelhas no zune-que-zune, a coruja encolhidinha, a foca desengonçada subindo e descendo escada ou o gato mudando de opinião. Mas no meio da bicharada, a porta que vive aberta no céu, uma casa e um relógio. Até aula de piano tem. Onde o poeta buscou inspiração para colocar uma aula de piano nessa arca?

Vale destacar os musicais da feinha Corujinha cantada por Elis Regina, os contornos do salto do Gato feitos por Marina, a animação de Alceu Valença como adestrador de Foca, além do grupo Boca Livre construindo a casa da rua dos bobos e o pato pateta do quarteto vocal MPB-4.

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Escolhe, pois, a vida!





'...é engraçado a força que as coisas parecem ter quando elas precisam acontecer...'

[destino, determinismo, acaso ou simplesmente Vida!]

Muitos estudiosos faccionam a vida em etapas, ciclos, fases ou quaisquer outros sinônimos, como facilitadores da análise do ser e do agir. Porém, há de recondicionar-se a viver o bloco de emoções e intensidades que proporciona-nos o respiro diário.

Gozar a vida da forma mais intensa e franca a cada instante, como um regalo insano e felicitar-se a cada escolha, ou simplesmente saber-se alvo da vida que há pra ser vivida, sem apassivar-se diante do temor que causa-nos o amanhã, como exorta-nos a santinha de Lisieux: 'se no amanhã pensar temo minha inconstância. Sinto em meu coração nascer tédio e dor...'

Vida não é abstração áurea! Ela só se dá no momento em que a sede do o coração ávido une-se à sede do coração de Deus, dos céus, das fontes de vida...Vida em maiúsculo. Viver sem a tesão de estar vivo não é vida. Não há boas sensações numa perna em estado de dormência.

Lembro-me de uma campanha publicitária d'uma rede de supermercados que traz a indagação: 'o que te faz feliz?' sugerindo-nos o usufruto das coisas bobas - leia-se conceito de Lispector acerca da bobice e suas vantagens - e exclamar a beleza de ser um eterno gozador...que goza...goza...passivamente permite que a vida entre assim, como se fosse o sol desvirginando a madrugada...

Não há fórmula mágica de viver, nem tampouco modelos existentes de vida. Cada um que firme contrato com Ela e estejam unos, assim como lhes aprouver, como o fizeram Dolores Duran e Maysa que amaram a vida e viveram o amor, conforme o amor e a vida lhes proporcionavam: noctívagas, boêmias, intensas...não as teria citado, se não tivessem sido, sobretudo, intensas pois firmavam a cada despertar um acordo com a vida...se foram tristonhas, realmente não importa nesse momento, pois esse é o momento de escolher por viver: cada um de sua forma, com sua individualidade, peculiaridade, singularidade...mas intensamente!

Deixemos só para Chico, Carolina.